sexta-feira, novembro 19, 2004

O que eu espero da vida...

Hoje de manhã, na reunião do grupo de teatro lá da faculdade (para o qual eu finalmente arranjei coragem de entrar, mas que estou a ver que não tenho jeito nenhum e até tenho vergonha de estar a estragar o grupo) houve uma altura em que a seguinte frase saltou no ar: "Pensem no que esperam da vida...". Então qual revelação divina, milhões de pensamentos acorreram-me à mente (o mais certo é vocês não estarem minimamente interessados e eu até compreendo), embora eu estivesse numa posição deveras desconfortável ao ponto de me inchar a mão que me apoiava no chão, e deixar de sentir o braço. Mais a sério, pus-me mesmo a pensar sobre o que queria e simultaneamente aos pensamentos, uma vasta gama de sentimentos acompanharam o fluir dos primeiros. Mas sentimentos tão....sem sentido aparecerem juntos.
Primeiro fui tomado por uma tristeza funda, por esperar sem conseguir alcançar alguém a quem dar o amor que tenho guardado no coração, e que tem vindo a acumular, transbordando já por não ter destino. Ou melhor, por não ter destinos que se deixem afundar nele. O pior é que cada vez mais o meu coração ama desenfreadamente, mas nunca consegue dar vazão ao sentimento intenso que gera, e então derrama...e amarga, aperta e entristece, tenta sair do corpo pelos meus olhos...tanto sai mas tanto lá continua, ainda mais forte. E assim tenho que viver com ele, a corroer devagarinho, embora muitas vezes pareça já adormecido. Tento cobri-lo e disfarçá-lo, mas custa tanto e a felicidade que sinto por quem podia ser feliz comigo mas está afundada noutros mares, não consegue remediar tudo (desengane-se quem pense que é tão simples assim). Não fossem as pessoas que me rodeiam estaria perdido...o amor por elas dá-me força.
Depois um misto de raiva e indiferença, dizia-me para olhar em frente e esquecer. Ou porque eu não merecia o que queria, ou porque não valia a pena perder tempo...foi confuso mas ao mesmo tempo nítido. Pelo menos percebi como devia olhar o futuro. Mas o pior é que não consigo e aquela dorzinha, agora apenas forte em alguns momentos, persiste, embora eu consiga passar um pouco por cima dela, só tocando de leve nos ramos mais altos.
E entretanto, lá vou mantendo a esperança, sempre em busca de conseguir apagar tudo com gargalhadas e momentos bem passados com quem é importante para mim. Sempre à espera...mas agora mais do momento em que o improvável aconteça, ou em que eu de uma vez por todas me tenha que resignar ao que em momentos tristes e solitários me parece evidente. Fica o aconchego grande que é suficiente para me aquecer a vida e o coração, e me faz esquecer dos meus problemas, que é a pura felicidade dos que amo que me satisfaz e me devolve a beleza (às vezes parece que desaparecida) desta vida aos olhos. Obrigado a todos.
Abraços grandes e que a felicidade de todos consiga contagiar outros tantos.

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