terça-feira, janeiro 17, 2006

Estorieta

Surgiu à porta e entregou-me a bochecha para lhe dar um beijo. Retribui...não tinha escolha.
Sorriu-me e agarrou-me a mão. Não me disse onde levava...
Deixei-me ir, e a certa altura fechei os olhos, embrenhado naquela viagem inesperada com ela.
Passado um tempo parámos e senti o fresco dos seus lábios na minha cara. E a suavidade dos seus dedos no meu cabelo.
Sussurrou-me ao ouvido: "Desculpa...não consigo ir mais longe"
Abri os olhos de rompante mas não a vi mais. Encontrei-me perdido no meio do nada, a ouvir o som das ondas ao fundo, e o uivar do vento nos pinheiros que me rodeavam naquela clareira.
Andei uns metros e por entre duas árvores descobri uma ravina, lá em baixo as ondas a baterem nas rochas.
Olhei para trás na esperança de a encontrar. Nada. Só o seu aroma a deambular no ar.
Suspirei sozinho e contemplei lá em baixo o mar.
Soltei uma gorda lágrima que escorreu pela minha cara e foi varrida pelo vento para se ir juntar à água salgada.
Voltei para trás. Depressa encontrei o caminho de volta.
Tornei a vê-la no dia seguinte. Voltou a entregar-me a bochecha para lhe dar um beijo, que timidamente dei.
Piscou-me o olho e sussurou-me ao ouvido: "Não te assustes...até aqui posso ir...mas não me peças mais que isso!" Agarrou-me a mão e levou-me aos mais belos sítios que eu já conhecia.

Desculpem o desabafo.
Abrações Grandões

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home