Carta de amor...
Escrevo-te isto porque sei que não vais ler, porque sei que não vais roubar tempo precioso à tua vida para mergulhares nas minhas palavras e no que com elas pretendo dizer-te. Olho-te todos os dias de forma diferente. Consigo a proeza de encontrar de cada vez pormenores diferentes nos quais me perco sem rumo, e passo horas a fio a contemplar. O brilho dos teus olhos, a forma como a íris deles dança na luz, a tonalidade da tua pele, o reflexo da luz na beleza do teu sorriso…podia continuar, mas sou parco em palavras quando o que pretendo transcrever as transcende.Apetece-me acariciar-te a pele, sentir nas minhas impressões digitais os poros por onde emanas a luminosidade, de onde sai o brilho que transpiras. Apetece-me abraçar-te no quente dos meus braços, manter-te em segurança, arranjando pretextos para dissimular o facto de te querer só para mim. Apetece-me sentir o rubor dos teus lábios nos meus, sentir um pouco da vida que ecoa nas tuas gargalhadas, nos teus risos e sorrisos, na tua voz. Queria ter a coragem de te falar olhos nos olhos. Confrontar-te (me) com aquilo que sinto, aquilo que pulsa nas minhas veias e dispara o meu coração quando te vê…nem que seja em sonhos. Queria conseguir dizer-te tudo o que me percorre a alma, o coração, o meu ser. Aquilo que fervilha no meu sangue e anseia por transbordar, por ser exalado num suspiro de coragem.
Olho-te por entre a multidão e sobressais. Olhar-te alivia-me do peso de uma noite mal dormida, de um cansaço acumulado, de qualquer preocupação. Tudo isso para logo me encher o peito de angústia por te ver tão longe, intocável ao alcance do meu coração. Quero conseguir esticar os seus braços e mostrar-te o que vai cá dentro, mas o medo de te afugentar persiste e toma conta de mim. Dou por mim a imaginar-me envolvido em ti, aquecendo-te com os meus sentimentos, com todo este amor que tenho para dar, que anseia tanto por se expressar.
A tua presença ilumina todos os momentos, mas também torna a tua ausência numa noite escura, num breu impenetrável de saudade e tristeza. Confusão e desejo, lágrimas e secura. Afogo-me em nuvens negras que brotam de mim e que se recusam a formar qualquer padrão, qualquer imagem que aluda ao que querem dizer. Nem uma simples imagem para me iludir e me confortar com algum tipo de clareza. Sou deixado no vazio, na escuridão de mim sem ti, do meu coração sem te sentir perto.
Assim passo os dias. Habituamo-nos a estas vicissitudes. Conseguimos com o tempo encontrar algum conforto no que nos falta. Ainda assim é tão difícil. É tão triste este sentir, este não te ver reflectida em mim…apenas uma imagem distante que consigo vislumbrar ocasionalmente mas da qual não tenho qualquer segurança, nada onde me agarrar, onde me apoiar neste voo sem asas. A certeza da queda acompanha-me sempre…mas também sempre acompanhou. Sempre arrisquei voar sob o vazio, mesmo conhecendo-o, esperando-o. Arrisquei…nunca foi mais do que isso. Tantas quedas e ainda assim me lanço a tão grandes altitudes…
Desculpem o tamanho, mas é proporcional à sinceridade
abrações grandões
1 Comentários:
tantas quedas...mas às vezes é simplesmente bom ter um coração meio amnésico para estas quedas ou talvez, um coração com uma memória selctiva que só se lembra de saber amar :)
beijinho, parabéns pela expressão de sentimentos
Enviar um comentário
<< Home