domingo, junho 18, 2006

Sem título

É na procura de algo intangível que acordo e destino os meus dias, enquanto o coração bate sincopadamente na ânsia de encontrar. É no debater e lutar por algo que me complete que arranjo as forças para continuar, mas é também onde estas me esvaem e me fazem pensar em desistir.
No decorrer dos dias vazios e ocos, preenchidos por sentimentos vãos, emoções despertas por solidariedade, emprestadas e tornadas minhas como se eu delas me apropriasse.
É na tentativa de encontrar esse algo para mim que me imirjo em outras estórias, outras pessoas. Perco-me inundado em mares desconhecidos, para lá da fronteira que delimita o meu quinhão.
Descentro-me e vejo-me de longe como um simples eco do que era e a milhas de distância do que pensei alguma vez poder vir a ser. Sinto uma certa complacência, uma certa pena por esse ser isolado, imerso em si próprio e tomando de empréstimo vida aos outros que o rodeiam por lhe sentir falta a sua.
Sinto-me um estranho, um alienado do mundo em que vivo, incompreendido e condenado a suportar o peso desta peculiaridade que tanto me preenche que transbordo ficando vazio. Deste meu modo, deste meu jeito de ser que almeja absorver toda a vida em redor...ou melhor, não almeja, tenta conformar-se com a inevitabilidade de tal absorção.
Sentir na pele todos os rasgos emotivos, sentir nos olhos o peso das lágrimas de que me aproprio, são por vezes um fardo, uma pena perpétua de não conseguir andar ligeiro, de não conseguir voar sobre tudo com a leveza que a vida requer e assim me deixar tombar no fundo. Arrastando os pés na profundidade.

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