quarta-feira, novembro 23, 2005

Estranheza de mim

Sento-me aqui, com apenas um pensamento que percorre milhas...
Uma vontade de gritar ao mundo, espernear, rebentar pelas costuras, mostrar-me sem medo de me sentir incompreendido...sem medo de me sentir julgado como uma criança...sem medo de me sentir estranho...
Por vezes penso que todos devem ser assim, como eu...eu é que não sei lidar comigo próprio...não ia ser estranho alguém mostrar-se como é, se é parecido a quem se mostra...
É difícil lidar com estas turbulências, imbricadas nas malhas de mim, presas na minha teia...
É na minha complexidade que me encontro, embora nunca deixe de estar perdido no fundo...são tantas as coisas que procuro, que eu gostaria de reclamar para mim, mas que me fogem sem que eu lhes consiga sequer tocar ao de leve com a ponta dos dedos. Como eu sou, a mera sensação do toque ajudaria a sentir uma pequena gota de preenchimento do vazio da minha procura.
Não lido bem comigo por vezes, porque me pareço desmesuradamente complexo, estranho, complicado e picuinhas com a vida. Tenho limites muito fracos, que são transpostos com um sopro, uma imagem bonita, um sorriso na cara de alguém. Tenho uma âncora forte que me liga à vida, mas não me protege dos mareios provocados pelas ondas. Salpico-me demasiadas vezes, encharco-me em gotas de vida, e não faço por me secar...deixo-me estar, quieto, calado, esfriando com as baforadas do vento, sedento de conseguir o maior tempo possível sentir o molhado na pele...sentir...comigo tudo se resume a isso...sentir demais, ser em demasia escravo das emoções e dos sentimentos e das sensações que me atingem...
Mergulho em mim de vez em quando, mas cedo me começa a faltar o ar, e depressa sinto necessidade de voltar à superfície...para depressa descobrir que não é pela falta de ar que eu retorno, mas pela escuridão que não me deixa ver, e por me sentir confuso com o que a pouca claridade me deixa ver.
Enxaguando os olhos para me habituar de novo à luz reconheço essa estranheza em mim enraizada...sou um estranho e sou estranho a mim próprio...Se o meu principal juíz me nota estranho, como não me notarão as outras pessoas?
Abrações Grandões
Desculpem novamente a desarticulação e incoerência...mas ao menos já postei algo :o)

sábado, novembro 12, 2005

Elizabethtown

E-S-P-E-C-T-A-C-U-L-A-R!!!
Três hurras ao Sr. Crowe, Sr. Bloom, Srª Sarandon e Srª Dunst. Obrigado.
"That's life..." - I rest my case.
Vejam
Abrações Grandões

terça-feira, novembro 08, 2005

Excerto...

Há muito que não posto nada de original...e também não é hoje que o vou fazer, eheh! Venho aqui deixar um excerto do maravilhoso livro com cuja leitura eu me presenteio neste momento, lol, "A insustentável leveza do ser". Escusado será referir-me à óbvia e enorme qualidade do livro (e também à sua recomendação), daí passar directamente para este pequeno excerto que foi uma das coisas que me fez rir à parvo, sozinho no comboio, a caminho de casa depois de um dia longo de 13/14 horas fora de casa. Ei-lo então:
"A merda é um problema teológico mais difícil do que o mal. Deus ofereceu a liberdade ao homem e, portanto, pode admitir-se que ele não é responsável pelos crimes da humanidad. Mas a responsabilidade pela existência da merda incumbe inteiramente àquele que criou o homem, e só a ele.
(...)
O desacordo com a merda é metafísico. O instante da defecação é a prova quotidiana do carácter inaceitável da criação. Das duas uma: ou a merda é aceitável (então porque é que se fecham na casa de banho?) ou a maneira como nos criaram é que é inadmissível.
(...)"
Milan Kundera in "A Insustentável Leveza do Ser"
Eu diria apenas...Magnífico, lol!
Abrações Grandões e desculpem a falta de originalidade :o)