terça-feira, abril 26, 2005

Casa Vazia

O bater do ponteiro do relógio ecoa na casa vazia
O soalho range a cada passo, anunciando a presença
O tempo passa ruidosamente, mergulha nos ouvidos bem fundo
Nada o disfarça, nem as rajadas que por entre as frestas o vento assobia
O bater do coração ecoa na mente distraída
Sobrepõem-se os ruídos ao barulho da solidão
A esperança deseja que o tempo mostre compaixão
Pelo eco que mora na pele e nas paredes, da ausência de vida
Os sentimentos transbordam, inundam os cantos, as esquinas
Afogam apnas e só quem não os impede de verter
O mar salgado que tomba dos olhos, forma vagas gigantes
Tudo engolindo no seu rasto, no seu bater
Não há vida, não se ouve senão o próprio respirar
Que logo cessa o seu eco quando submerge no mar
O fresco das gotas inunda a pele, ensopa o ser
Mas a corrente é forte, difícil de deter
As paredes sufocam enquanto se afastam
E o bater violento dos ponteiros grita aos ouvidos
O soalho range de dor a cada passo, cada pegada
Mas no fundo não passam disso, meros ruídos
Nenhum deles se materializa na minha frente
Apenas eu tenho corpo na imensidão
E os olhos mergulhados na minha face dormente
Por entre a água contemplam a vasta solidão

Abrações Grandões
(Eu sei...foleiro...quem disse que as aulas não rendiam ;o)

segunda-feira, abril 25, 2005

Vivesse eu nos meus sonhos...

Seria tudo tão mais fácil...
Seria tudo tão mais bonito...
Seria tudo tão mais vivo e harmonioso
Um Mundo eternamente luminoso
Cheio de surpresas a cada esquina
É imprevisível o que a minha mente imagina
Seria tudo possível
Seria tudo mais fácil de saltar
Mais fácil de voar, afinal estaríamos a sonhar
Estaríamos livres dos pesadelos que nos assombram o sono
Ou dos que invadem a realidade que vivemos
E fazem-nos viver coisas que não escolhemos
Passar por tormentas, obstáculos que se afiguram terríveis
Que se prostram frente a nós, altivos medonhos
Nada disso alguma vez se passaria
Vivesse eu nos meus sonhos...

Abrações Grandões

quarta-feira, abril 20, 2005

Negra Sombra

A noite vai avançada e o Sol desponta ao fundo
no horizonte
Os olhos pesam, toldados ainda pelo sono interrompido
abruptamente
O corpo desperta sem ter vontade de o fazer
relutantemente
As estrelas recusam a apagar, enquanto o dia
não se mostrar completamente
As nuvens não mostram a cara no céu
escondidas por aí
O dia adivinha-se de sol e calor, limpo
pelo menos foi isso que senti
Ainda assim o negrume que adormeceu comigo
desperta dentro de mim ainda
O turbilhão de angústias e tristezas
dúvidas e incertezas
Acompanha o meu vagaroso acordar
e assim o fará pelo resto do dia
Escondido nos sorrisos, olhares risonhos
uma visível alegria
Não me tapa a luz do Sol, nem o seu calor
não me impede de sorrir, ou ver a perfeição
Ver a beleza do Mundo em meu redor
mas recusa-se a largar-me a mão
Acompanhando-me a todo o lado
murmura-me ao ouvido
apanha-me desprevenido
induz-me em lágrimas escondidas de tudo
num canto recôndito onde ninguém veja
ajudando-me a cobrir, envolvendo-me nos seus farrapos
negros, que descem sobre a minha cabeça quando o meu coração fraqueja
Envolvendo os meus sentidos na sua escuridão
embala-me suavemente no seu abraço forte
Ouvindo os murmúrios que choro, lamentos que emano
Sentimentos tão fortes que me impede de suprimir
Esta Negra Sombra que tolda e faz parte do meu existir

Abrações Grandões
(este também saíu foleirote não?! :P)

Antes do Amanhecer (2)

Conta-me tudo o que és
Tudo o que tens dentro de ti
Para que eu te descubra, no teu mais íntimo ser
Para que eu possa dizer que verdadeiramente te conheci
Abre os olhos e deixa-me olhar bem dentro deles
Para que eu possa ver o Mundo que conheces, aquele em que vives
Para que os teus sentimentos transbordem e eu os incorpore em mim
Fala-me perto do ouvido para que até o ar que emanas ao falar eu sinta
Chora no meu colo para que as tuas lágrimas molhem as minhas mãos
Para que o seu sal conheça o sabor da minha pele e a percorra
Para que o meu colo saiba de toda a tua tristeza
E saboreie a alegria quando eu fizer que ela morra
Abraça-me na escuridão, escondidos da luz da Lua
Com a cumplicidade das estrelas que tapam a sua própria luz
Para nos deixarem em paz, partilhando o que nos une
E que ao mesmo tempo nos separa de tudo
Voamos invisíveis por sobre as nossas próprias cabeças
Espiando cada movimento e cada palavra trocada
O céu clareia e tanto temos ainda por conhecer
Esperando que o consigamos ainda Antes do Amanhecer

Abrações Grandões
(foleirote não?! :P)

domingo, abril 17, 2005

Antes do Amanhecer

Acabei de ver e que posso eu dizer?!...GENIAL
Como é que eu não tinha visto este filme antes...mal posso esperar para ver o "Antes de Anoitecer".
Tocou-me de uma maneira que não dá para dizer, senti-me parte da conversa e quis ficar a ouvi-los a noite toda. O mais engraçado é que nunca me vi tão reflectido em personagens de um filme, vi-me e ouvi-me nos dois em grande parte dos momentos e senti-me saciado com esta experiência de filme. :)
Recomendo a todos indiscriminadamente.
Abrações Grandões
Como pequenas coisas, à partida sem grande interesse, se tornam tão maiores que outras gigantes e com tanta aparente importância...

quarta-feira, abril 13, 2005

Desculpem...

Desculpem a ausência prolongada...e dupla desculpa pela qualidade dos posts que quebraram o silêncio...não sabia o que havia de escrever...partilhei simplesmente aquilo que os meus dedos livremente teclaram!
;) Abracitos

Cada vez mais...

Cada vez mais me agarro à vida, tentando vivê-la ao máximo que consigo, aproveitando todos os momentos, todos os sorrisos, todas as pessoas. Cada vez mais quero absorver o que me rodeia, olhar tudo e tudo compreender, sorrir a tudo para tudo pacificar, na esperança eterna de um Mundo melhor. Cada vez mais quero viver, imaginar, sonhar com os pés assentes no chão, enquanto a mente vagueia nas nuvens, e às vezes perdendo-se em distâncias longínquas, enquanto sorvo o ar com alegria, e expiro tudo numa gargalhada.
Cada vez mais quero explorar limites e potenciais, prestar tributo à Natureza, agradecer-lhe aproveitando tudo o que nos foi dado neste milagre de vida. Cada vez mais me quero descobrir, explorar e projectar em tudo o que me rodeia, ver-me reflectido em todos os espelhos de água que me circundam. Cada vez mais quero sentir...SENTIR, pois há tanta coisa que podemos sentir, incorporar os sentimentos dos outros, as sensações, para partilhá-las e poder confortar e apoiar quem mas oferece...VIVER A VIDA EM CONJUNTO, porque o que é a vida se não uma oportunidade única de viver os outros vivendo-nos a nós, em todos os pequenos eternos momentos que contemplamos.
O que é a Vida se não uma oportunidade única de Amar...tudo...é com Amor que nascemos e nos é dada a vida...gozemo-la então com Amor, e esbanjemos o nosso para descobrir a sua infinitude.
Amemos, Vivamos...
Abrações Grandões
Amo todos os que me rodeiam, obrigado por me fazerem VIVER :)

Saudades

Saudades do que já foi
Saudades do que há-de ser
Saudades do que já vi, e que do que vejo agora mesmo
Saudades do que os meus olhos vão poder ver até morrer
Saudades do que passei
Do que possa vir a passar
Saudades de sonhos que me fogem
E dos que ainda hei-de sonhar
Dos que não saem da minha mente para se realizar
E dos que me completam a vida
Em momentos tão pachorrenta, noutros mais fugaz
Andando mais de fugida
Saudades de quem conheço, conheci e possa vir a conhecer
Daqueles que passam que nem brisa e dos outros que aquecem o coração
E aí ficam para dar calor ao Ser
E fazer dele um poema, uma eterna canção

Saudades de viver, a cada minuto que vivo
Do ar, que a todo o momento respiro
E sempre terei saudades enquanto viver
Em todas as gotas de vida que transpiro

Abrações Grandões